Em outubro de 2022, o Congresso do Partido Comunista Chinês (PCCh) marcou um dos momentos mais importantes para a história do país nos últimos anos, devido à escolha das diretrizes que irão guiar a China, assim como a provável recondução de Xi Jinping a um terceiro mandato. Afinal, esse é um fato inédito na história recente da segunda maior economia mundial, visto que era comum a transição de poder a cada dez anos.
Inclusive, vale ressaltar que, segundo Tulio Cariello, diretor de conteúdo e pesquisa do Conselho Empresarial Brasil China (CEBC), o Congresso, depois das eleições americanas, é o principal evento internacional em que o Brasil deveria prestar atenção. Portanto, se quiser entender o porquê, continue acompanhando o post de hoje até o fim.
Por que o Congresso Chinês é tão importante para o Brasil?
É fato que a China é a maior parceira comercial do Brasil, com mais de US$ 135 bilhões transacionados no ano de 2021. Mas, além disso, o país também foi responsável por quase US$ 6 bilhões em investimentos no Brasil no ano anterior, com projetos em diferentes setores, como petróleo, eletricidade e tecnologia da informação.
Nesse sentido, em uma entrevista à Revista Exame, Cariello falou sobre as oportunidades na relação entre os dois países, afirmando não acreditar que isso mudará de forma significativa, independente do governo eleito ou do que o alto escalão comunista decidir em Pequim. Inclusive, segundo o diretor, “a elação de Estado entre Brasil e China é bastante estável. Entra governo, sai governo, a relação bilateral é muito institucionalizada”
Vale ressaltar ainda que, o Congresso acontece a cada cinco anos e é o momento em que se decide quem irá entrar na alta cúpula do governo chinês. Em 2022, é difícil ter alguma previsão, visto que não houve grande vazamento de informações. Mas, uma das únicas certezas é que Xi Jinping deve entrar no terceiro mandato, que como falamos é algo inédito.
Ainda de acordo com Cariello, é possível também observar mudanças no comitê central, como troca de primeiro-ministro, sendo essa uma alteração relevante, pois o principal responsável pela parte econômica é o premiê. Vale ressaltar que o Congresso dura muitos dias, sendo que o cenário atual internacional é bastante conturbado, além do fato de a China ter um papel relevante, principalmente quando falamos das partes comercial e de investimentos.
Também é válido ficar atento na agenda ambiental. Afinal, depois de um crescimento exponencial e “a qualquer custo” na década de 80, atualmente a China tem um papel muito maior de liderança na transição energética, investindo em energia, veículos elétricos e até mesmo no Brasil.
As eleições podem impactar o relacionamento estabelecido com a China?
Segundo Cariello, o impacto não será significativo, independente de quem ganhar. Isso porque, a relação de Estado entre Brasil e China é bastante estável há muitos anos. Inclusive, ao longo do tempo, com a entrada e saída de diferentes governos, a relação bilateral é bastante institucionalizada. Isso se deve, dentre diversos fatores, pelo fato de a China ter um Estado muito forte e com poucas mudanças.
Devemos lembrar ainda que existem diversos planos conjuntos, assim como a existência da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), que une os dois países. Inclusive, essa comissão tem um peso atual maior do que já teve antigamente, pois quem presidia o lado chinês era o vice-premiê, mas hoje em dia é o vice-presidente.
Espaço para maior desenvolvimento de relações econômicas, além da exportação de commodities
Ao contrário do que pode se pensar, existe um grande interesse da China em desenvolver novas relações comerciais com o Brasil. Inclusive, há um interesse crescente do país no setor de tecnologia da informação de nosso país, assim como a área de sustentabilidade oferece grandes oportunidades e excelente potencial. Afinal, muitos investimentos aqui já são em energia limpa. Inclusive, algumas frentes como hidrogênio verde, energia solar e eólica, já estão recebendo grandes investimentos da China e o Brasil tem muito espaço para isso.
Além disso, também existem grandes oportunidades na área de infraestrutura. Segundo o modelo que possui experiência, é provável que ela teria contratos de construção, com concessão para construir ferrovias, portos e estradas. Afinal, a China possui uma grande rede de transporte ferroviário e o Brasil possui dimensões continentais. Portanto, existem muitos pontos que poderiam ser explorados em conjunto.
Sendo assim, como você viu, o Congresso é um momento importante para a China, sendo necessário que o Brasil fique atento a alguns pontos, a fim de garantir boas oportunidades. Da mesma forma, mesmo com o resultado das eleições de 2022, o cenário não irá passar por grandes mudanças, visto que a relação China-Brasil já é bastante sólida há alguns anos. Inclusive, existe muito espaço para ser explorado.
Portanto, se tiver alguma dúvida ou interesse no assunto, não deixe de entrar em contato com a H7 Import.